Algaplus

O sistema de cultivo de macroalgas marinhas da Algaplus desenvolvido, em 2012, pela dupla de biólogos Helena Abreu e Rui Pereira, é pioneiro na Europa. Inclui uma maternidade para a erva-patinha e a produção de sete espécies de algas autóctones da nossa costa abrangida pela Aquacultura Mutitrófica Integrada.

A visita começa no laboratório da Algaplus, empresa resultante do projecto de investigação – e de doutoramento – de Helena Abreu e Rui Pereira iniciado, em 2012, numa área com 600 m2. Os microscópios dispostos sobre a bancada são utilizados com a finalidade de “verificar as folhas e os esporos das algas, para ver se há algo que esteja a contaminar as águas”, esclarece a anfitriã que, entretanto, testemunhou o crescimento da sua Algaplus que, desde Março de 2018, é responsável pela exploração da propriedade de 14 hectares localizados numa zona da Rede Natura 2000 da Ria de Aveiro, no concelho de Ílhavo.
Este espaço laboratorial é contíguo à maternidade, onde a erva-patinha (Porphyra dioica e umbilicalis) – ou erva-do-calhau, como é conhecida nos Açores, ou nori-do-atlântico, designação que se deve à sua semelhança à nori japonesa –, se desenvolve. A primeira experiência data de 2013. Desde então, têm trabalhado nesta espécie de alga marinha, respeitando o seu ciclo de evolução mediante as condições climáticas apropriadas a cada fase. Depois da maternidade, estas algas passam para tanques, situados no exterior e que são tapados por telas, para evitar a exposição solar directa.
Esta é apenas uma das sete algas que consta na lista desta empresa. Alface-do-mar (Ulva rígida), musgo-irlandês (Chondrus crispus), botelho-comprido – ou “dulse” (Palmaria palmata), como é conhecida internacionalmente –, cabelo-de-velha ou “ogonori” (Gracilaria gracilis), fava-do-mar (Fucus vesiculosus) e chorão-do-mar (Codium tomentosum) são as outras espécies que fazem parte do portefólio da Algaplus. Todas são autóctones da costa Atlântica estando, por essa razão, perfeitamente adaptadas às condições climáticas e à água dos tanques onde se encontram, a qual é renovada naturalmente através dos ciclos das marés.
As antigas marinhas de sal existentes na Ria de Aveiro são, por sua vez, aproveitadas para a Aquacultura Mutitrófica Integrada – cultivo integrado de várias espécies de diferentes níveis da cadeia alimentar que interagem no mesmo local de produção. Ou seja, a actividade piscícola, iniciada em Setembro de 2018, centra-se na aquacultura de robalo e dourada em modo de produção biológico, sistema de produção que potencia o aumento de nutrientes na água aproveitados na produção das algas, uma medida sustentável. Ao filtrarem os nutrientes na água, as algas contribuem para a renovação do ciclo da água que, ao voltar à Ria de Aveiro.
O objectivo deste trabalho? Disponibilizar no mercado alimentar e da cosmética ingredientes e produtos marinhos com certificação biológica produzidos através de um sistema de produção sustentável e inovador. Este produto divide-se em três marcas que integram o portefólio da Algaplus: a ALGA+, constituída por algas vendidas a granel e em diferentes formatos; a Tok de Mar, destinada ao retalho de produtos alimentares à base de algas e à restauração com certificação bio (algas secas inteiras e frescas conservadas em sal, conserva de sardinha com algas, sal marinho tradicional e flor de sal com flocos de algas); e a Sea Originals, indicada para produtos de bem-estar, SPAs e unidades hoteleiras. Os produtos direccionados aos chefs estão disponíveis para venda em lojas de produtos biológicos, entre outros pontos de retalho e directamente na Algaplus.