“E isto não leva nada, é só terra e água”, garante este agricultor de 43 anos e sorriso fácil, adepto de maracujá e desta variedade em particular: maracujá roxo regional.
Canhas, Ponta do Sol
Ilha da Madeira.
+351 963 997 357
Apresentado por
Teresa Vivas, Mesa Cultura Gastronómica
Texto de Tiago Pais
Fotografias de Tiago Pais
A estufa onde Arlindo Pontes protege os seus maracujazeiros do vento e da chuva dá um excelente esconderijo, tal a densidade das plantas que ali crescem e dão frutos. “E isto não leva nada, é só terra e água”, garante este agricultor de 43 anos e sorriso fácil, adepto de maracujá e desta variedade em particular: maracujá roxo regional. “É viciante. Até as abelhas vêm cá ter sozinhas para polinizar”, descreve, enquanto segura uns exemplares que sobraram da campanha anterior.
São os únicos que vemos por ali no dia da nossa visita, já que este maracujá só se apanha em junho. E do chão. “Os melhores são os que caem, disso não tenha dúvidas”, assegura Arlindo, antes de explicar o método de apanha: “Passa uma pessoa à frente que vai abanando as plantas e os outros seguem atrás, a apanhar do chão.” Se não caírem, é porque não estão maduros.
Arlindo não está nisto há muito tempo. “Caí aqui um bocado de paraquedas, comecei sozinho, fui aprendendo”, diz. Aproveitou uma estufa que já existia, para se salvaguardar da instabilidade do tempo, apesar de estar numa das zonas mais solarengas da Madeira. “Mas isto muda, o clima é muito complicado. Aqui agora está calor, mas se for para Santana [norte da ilha] é capaz de estar a chover.”
E o maracujá, garante o agricultor, exige cuidado e atenção. “É uma cultura muito sensível: se apanha um fungo na terra, ficam-se vários anos sem conseguir plantar.” Arlindo não põe, por isso, os ovos todos no mesmo saco. O maracujá pode ser a sua paixão mais recente, mas não esquece os outros produtos que também vende no Mercado de São Martinho, onde se abastecem muitos dos que têm bancas no famoso Mercado dos Lavradores, no Funchal.
“Tento plantar um pedacinho de tudo: semilha [batata], batata [doce], courgette, feijão verde, também tenho muita segurelha [tomilho].” E sempre, asssegura, com respeito pela terra: “Se der mais muito bem, se der menos, paciência.”