Azeite Egitânea

Azeite

A Egitânia dos suevos e dos visigodos é berço do azeite extra virgem bio de Tiago Lourenço e Ricardo Araújo, “amigos de longa data” que trocaram a Grande Lisboa, por terras da Beira Baixa, para se dedicarem à produção biológica e, simultaneamente, à preservação do património histórico e paisagístico associado ao olival tradicional de sequeiro existente naquela região.

Quinta Fonte do Bogalho, CCI 512
6060-259 Ladoeiro, Idanha-a-Nova 
 
Como chegar
+351 914 801 877

geral@realidanha.pt
Facebook/ @egitania.pt
Instagram/ @realidanha

Apresentado por
António Galapito, Prado


Texto de Patrícia Serrado
Fotografias de Pedro Sadio

Ricardo Araújo é o primeiro a pousar a bagagem no Ladoeiro, Idanha-a-Nova, corria o ano de 2007. Funda o negócio inserido na produção de morangos e hortícolas biológicos e dá-lhe o nome Real Idanha. Em 2014 foi a vez de Tiago Lourenço passar de Almada, cidade localizada do lado Sul da Ponte 25 de Abril, para integrar um projecto num do olival tradicional de sequeiro de 180 hectares em Idanha-a-Velha, o qual, ao fim de algum tempo, chegou ao fim. A oportunidade de “dar continuidade ao projecto” fez com que Tiago Lourenço desafiasse Ricardo Araújo a, juntos, darem continuidade ao mesmo projecto cujo nome preserva a designação atribuída pelos visigodos a Idanha-a-Velha, Egitânia.

Nasce, assim, o azeite virgem extra bio Egitânia feito a partir do 
blend das variedades Galega, autóctone da Beira Baixa, Bical e Cordovil, ambas de Castelo Branco. A matéria-prima é colhida manualmente nos 180 hectares do olival tradicional de sequeiro da Beira Baixa integrado numa propriedade de 1.500 hectares de Idanha-a-Velha.

Constituído por oliveiras centenárias que distam dez metros entre si – há cem árvores por hectare –, este tipo de olival não depende de rega nem de fertilizantes. “As ervas são conservadas, para evitar a erosão provocada pela água das chuvas – que, por sua vez, contribuem para os lençóis freáticos – o que lhes permite formarem raízes mais longas, para irem buscar mais minerais, que acabam por alimentar as árvores”, além de que “são pastoreadas de forma saudável”. Ou seja, “é trabalhado quase como um montado, porque as ovelhas limpam o terreno e, ao mesmo tempo, as ervas são transformadas em estrume que aduba naturalmente a terra”. Eis as características do olival tradicional de sequeiro da Beira Baixa baseadas na agricultura regenerativa e apontadas por Tiago Lourenço.

Apesar das variedades Galega, Bical e Cordovil serem autóctones, ou seja, terem a Denominação de Origem, Tiago Lourenço e Ricardo Araújo atribuem maior importância à qualidade do produto: “produzimos azeite de alta qualidade, quer pelas variedades utilizadas, quer pelo processo de fabrico”, garante Tiago Lourenço. 

Após a apanha da azeitona, actividade registada em meados de Outubro – época do ano em que o fruto atinge o estado de maturação, isto é, “a sua cor está entre o verde e o lilás” –, aquela é encaminhada para o lagar municipal de pequena escala instalado no núcleo museulógico de Idanha-a-Velha destinado apenas a produtores biológicos. “É um museu vivo equipado com a tecnologia mais recente”, no qual “controlamos todo o processo de produção de forma rigorosa”. A azeitona é submetida a uma temperatura inferior a 28° C, no sentido de em “preservar os antioxidantes e os polifenóis” cujo grau de acidez é de 0,2 por cento.

Sobre o paladar, Tiago Lourenço avança: “Começamos pelos monovarietais, para percebermos o sabor que cada variedade de azeitona, e levámos algum tempo até conseguirmos chegar ao ponto que queríamos.” Hoje, o produto resulta de uma mistura de variedades que, juntas, conferem o equilíbrio entre o frutado da Gelaga, o picante e o amargo da Bical e da Cordovil. 

O azeite virgem extra bio Egitânia está disponível em lata, “nas quantidades maiores e porque se trata de um material mais reciclável, além de que protege o produto da luz”, bem como em garrafa de meio litro cujos rótulos contém a informação relacionada com o dia e o ano da sua produção.

A compra pode ser feita na Quinta Fonte do Bogalho, em Ladoeiro, e em lojas bio espalhadas pelo país. Uma vez em casa, qualquer que seja o azeite, deve ser guardado longe de fontes de luz e de calor, e consumido, idealmente, até um ano após a data da sua produção.