BioFontinhas

Ervas Aromáticas Flores Comestíveis Fruta Hortícolas

“Comecei há muitos anos. Na altura, estava a trabalhar no destacamento americano e, durante cerca de 15 anos, dediquei-me à agricultura convencional. Há 30, mudei para o modo de produção biológico.”

Rua das Fontinhas 57
9760-211 Praia da Vitória
Ilha da Terceira, Açores
Como chegar

+351 964 122 264
bioormonde@gmail.com

Facebook /@BioFontinhas

Apresentado por
Raul Sousa, E.P. Praia da Vitória


Texto de Patrícia Serrado
Fotografias de Clementine Things

A agricultura ecológica está na base do trabalho diário de Avelino Ormonde. Fundador da BioFontinhas, reúne uma centena de cultivares diferentes, no seu terreno, localizado em Fontinhas, na Praia da Vitória, Ilha da Terceira. O modo de produção está relacionado com a biodinâmica, a permacultura e as unidades da energia, em prol da saúde da terra, das plantas e do ser humano.

“Comecei há muitos anos. Na altura, estava a trabalhar no destacamento americano e, durante cerca de 15 anos, dediquei-me à agricultura convencional. Há 30, mudei para o modo de produção biológico.” A explicação é dada por Avelino Ormonde, de 60 anos, um pioneiro na implementação desta vertente agrícola nos Açores e um verdadeiro visionário. 

Esta viragem foi marcada por Eliot Coleman, figura central no âmbito da agricultura biológica, com quem Avelino Ormonde se deparou durante os seus estudos e pesquisas sobre este assunto. As condições edafoclimáticas também ajudaram na decisão de implementar a agricultura em modo de produção biológico. “Quando um clima nos dá continuidade à produção, traz os seus brilhos consigo.” No entanto, “temos de contar com os ventos, muita chuva, falta de luz, no Inverno”, até porque, só a partir de Março, com a chegada da mais bela poética do ano, é que as plantas começam a crescer. “A Primavera é a época feliz para os agricultores. No Verão, é que vêm os sarilhos, com o excesso de calor.”

Além da dispensa de pesticidas e de quaisquer aditivos ou produtos de sínteses, o trabalho agrícola é efectuado sem o recurso a tractores. “É tudo manual”, garante Avelino Ormonde. No terreno, de dois mil metros quadrados, com uma parte ocupado pela agro-floresta, a actividade ligada à terra é feita de modo a contribuir para a preservação do meio ambiente e “sem interferir no ritmo de crescimento das plantas”, acrescenta. “Só usamos forquilhas, para arejar o solo.

A produção ronda cerca de cem cultivares – diferentes espécies dentro da mesma espécies – de plantas, raízes, ervas aromáticas e flores comestíveis. A finalidade é produzir microgreens; milho, fava e ervilhas sem clorofila, para chefs; saladas diversas, constituídas por 20 a 25 cultivares; green smoothies - “já os fazemos há 15 anos”; vegetais de saltear, prontos a consumir em casa. “Testo cada um por dois a três anos. Se tiver as características que quero, dou a experimentar aos chefs.” A somar a este enorme ofício, Avelino Ormonde aposta na produção de sementes: “quero ser auto-suficiente em sementes, para voltar ao ciclo da sustentabilidade.”

“Tenho cultivares dos quatro cantos do mundo! Quero ter um espaço em que um chef chega aqui e tem tudo à mão.” 

Os produtos da BioFontinhas não são exportados. “O objectivo é mantê-los aqui, para os restaurantes da Ilha [Terceira].” As unidades hoteleiras da Ilha Terceira também são clientes de Avelino Ormonde, que dispõe, igualmente, de vegetais embalados para o cliente final fazer sopa em casa. “Tudo o que é produzido aqui, é vendido.”

As tarefas de Avelino Ormonde não ficam por aqui. As conferências, palestra, seminárias e workshops constam na sua ordem de trabalhos, entre os quais destaca a formação dada a agricultores nas outras ilhas do Arquipélago dos Açores, como o projecto Bio Kairós, na Ilha de São Miguel. “Assim, produzem lá, para que toda a gente possa ter o seu produto.”

Afinal, para Avelino Ormonde “é preciso pensar global e consumir local”.