A venda da Carne Marinhoa é efectuada de forma centralizada, isto é, pela Associação de Criadores de Raça Marinhoa (ACRM), detentora da marca DOP sendo, por isso, a entidade responsável pela atribuição do certificado.
Quinta do Matoutinho
Rua Dr. João Carlos Noronha, 9, Santo Varão
3140-401 Montemor-o-Velho
Como chegar
+351 966 766 146 / +351 239 645 222
www.quintadomatoutinho.com
Venda
Associação de Criadores de Raça Marinhoa
Quinta da Medela
Rua São João 68, Verdemilho
3810-455 Aveiro
Como chegar
+351 234 423 852 / +351 969 832 062
geral@marinhoa.com
www.carnemarinhoa.pt / www.acrm.pt
Apresentado por
Olga Cavaleiro
Texto de Patrícia Serrado
Fotografias de Vânia Rodrigues
A venda da Carne Marinhoa é efectuada de forma centralizada, isto é, pela Associação de Criadores de Raça Marinhoa (ACRM), detentora da marca DOP sendo, por isso, a entidade responsável pela atribuição do certificado.
Fomos visitar a Quinta do Matoutinho, em Santo Varão, Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra. A propriedade é de Carlos Plácido que, para além de produtor de Carne Marinhoa é, também, Presidente da ACRM. Segundo o nosso anfitrião, o negócio da carne recomeçou em 2006, com 12 vacas que estavam para ir para o matadouro. “Cheguei lá e disse ‘é agora!’ Comecei uma exploração com 20 e mais 25 numa propriedade junto à autoestrada e, aqui, tenho 68.”
Antes de continuar, impera esclarecer a designação de Carne Marinhoa. Aquela resulta do seu habitat de outrora, isto é, das planícies banhadas pelos estuários dos rios Vouga, Cértima e Antuã relacionadas com as “marinhas da região costeira da Beira Litoral” por Silvestre Bernardo Lima, docente de Zootécnica e Higiene, no Instituto de Agronomia e Veterinária, em Lisboa, no século XIX. Devido à sua robustez, era utilizado na lavoura do campo, sobretudo na cultura do arroz, bem como na faina, fosse na apanha do moliço, fosse na Arte Xávega, dedicada à pesca costeira artesanal praticada nas praias da região de Aveiro.
Porém, esta carne só recebe a Denominação de Origem Protegida se os animais nasceram na área geográfica delimitada para o efeito, a qual é abrangida pelos concelhos de Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Ovar, Vagos e – o chamado “solar” inicial –, bem como pelos de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Cantanhede, Coimbra, Figueira da Foz, Mealhada, Mira, Montemoor-o-Velho, Oliveira do Bairro, Sever do Vouga e Soure, nos distritos de Aveiro e de Coimbra. “É uma raça autóctone que resulta do cruzamento com a [raça] minhota. E usavam o mirandês para dar tamanho”, informa Carlos Plácido.
Segundo o Presidente da ACRM, “o produtor é que ‘faz’ a comida nos terrenos do milho. A mistura é feita à base de farinha de milho e bolas de sementes de algodão. As camas são feitas com palha de arroz”. Sobre o comportamento destes animais, afirma: “estão calmos, se andaram na pastagem, estilo de vida que, para a restauração, é fundamental.” Além disso, devem estar sempre limpos e ser saudáveis.
Só estão aptos para abate os animais que apresentem os seguintes requisitos: até aos seis meses e com 120 quilos (vitelos); dos seis meses aos dois anos e com peso entre os 120 e os 300 (vitelão, macho ou fêmea); dos dois aos seis anos e com peso a oscilar ente os 220 e os 450 quilos (vacas); e dos dois aos cinco anos, com peso entre 250 e os 700 quilos (boi). “A carne distingue-se pelo marmoreado muito intenso da carne, característica da raça, que a torna mais gostosa e menos seca”, explica Carlos Plácido.
Depois do abate, “aos produtores é pago um preço fixo por carcaça e a associação é que vende o produto”, informa, enaltecendo a importância no consumidor final, “para o qual há um cabaz com cerca de sete quilos que é vendido através do site. Para a restauração, a encomenda também deverá ser feita através do site”. As partes menos nobres são, por sua vez, transformadas em hambúrgueres. “É um investimento a longo prazo”, remata.