Diálogos do Bosque

Cacto

Porquê a figueira-da-Índia? A escolha é fundamentada com as mudanças climáticas. “Estamos a caminhar, a passos largos, para um deserto. Se há plantas que sobrevivem em condições mais adversas, nomeadamente em períodos de carência de água, são os cactos”

Herdade dos Casos, Gralheira
CCI 1304
7050-636 Cortiçadas de Lavre
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Apresentado por
Luís Barradas


Texto de Patrícia Serrado
Fotografias de Vânia Rodrigues

“A Diálogos no Bosque nasceu em 2013”, começa Nuno Pires, o proprietário desta empresa portuguesa dedicada à produção e comercialização de figos-da-Índia. A base fica na Herdade dos Cactos, localizada em Cortiçadas do Lavre, entre Coruche e Montemor-o-Novo, para onde rumou, nesse mesmo ano, com a mulher, Cristina Simões. A propriedade estava, nessa época, abandonada. “Era mato, mato, mato!”
Prepararam o terreno para a plantação de figueiras-da-Índia – nativas do México – e adquiriram as primeiras plantas. Inicialmente, eram apenas quatro hectares. “Todos os anos fomos aumentando a área.” Hoje, ocupam mais de 30.
Porquê a figueira-da-Índia? A escolha é fundamentada com as mudanças climáticas. “Estamos a caminhar, a passos largos, para um deserto. Se há plantas que sobrevivem em condições mais adversas, nomeadamente em períodos de carência de água, são os cactos” justifica Nuno Pires.
A fruta, cujo estado de maturação correcto apresenta a cor verde, “tem uma grande concentração de antioxidantes e de vitaminas”, sublinha. O seu aparecimento ocorre em Agosto. Dá-se início à colheita diária, tarefa que pode estender-se até Outubro, porque “a fruta da mesma planta não amadurece na mesma altura”. Este trabalho decorre entre as duas e as oito horas da manhã, “pela qualidade da fruta e pelo conforto de quem a apanha”, explica. Depois de apanhada, é depositada na câmara de frio. “O objectivo é a exportação do figo da Índia.” Além de estar pronta a ser consumida, pode ser utilizada, por exemplo, para fazer compotas.
O potencial da figueira-da-Índia dá, porém, azo a uma multiplicidade alternativas comerciais. “A própria flor, depois de seca, pode ser utilizada infusões”, lembra Cristina Simões. Há que ter, contudo, atenção à altura devida da apanha desta, já que dura apenas entre três a quatro dias. Depois começa a secar.
Nuno Pires refere as propriedades organolépticas da planta e da sua utilização para consumo humano, mas também animal, com a forragem, desde a casca aos picos. “Tudo é aproveitado!” Inclusive os picos, destinados para a indústria da microcelulose.
Quanto à parte vegetal da planta, detentora de propriedades anti-inflamatórias, revela: “Já temos uma lista de 30 produtos.”. A casca pode ser desidratada e transformada em farinha; das sementes é feita a extracção de óleos, “sub-produto que também dá origem a uma farinha muito interessante da parte da cosmética e de suplementos alimentares”. Enquanto jovem, a palma é muito tenra é comestível – pode ser cortada às tiras – numa salada.
A produção está, desde a estreia, em modo biológico. “Pedimos o período de antecipação, pois quer o solo, as árvores, as ervas daninhas, as plantas, as árvores quer o fruto evidenciaram que não havia qualquer fonte de contaminação”, informa Nuno Pires. “Depois solicitamos mais certificação” no âmbito da higiene e da segurança alimentar e a certificação GlobalGap. O objectivo deste é garantir e incentivar a prática de uma agricultura biológica com base num conjunto de boas práticas de agricultura anualmente analisadas.