“Para ser moleiro era preciso saber de carpintaria, de alvenaria, de meteorologia, de tudo. Era muito complexo, por isso o conhecimento passava de pai para filhos”, explica Paulo Horta.
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Texto de Tiago Pais
Fotografias de Tiago Pais
“Bem-vindos à terra do vento!” As rajadas fortes que nos recebem na pequena aldeia de Cabeços, perto de Alenquer, justificam a mensagem de boas-vindas de Paulo Horta. Não foi por acaso que aqui se instalaram muitos dos moinhos que, durante séculos, abasteceram a região de farinhas. O moinho de vento das farinhas Paulino Horta, na família há quatro gerações, foi um deles. “Tem características do início de 1800. Em princípio, já cá estaria nas Invasões Francesas”, garante Paulo, que acrescenta outra explicação para a tradição local: “Não era só pelo vento, aqui sempre houve boa terra, que dava bom cereal”. Apesar de a empresa ter apenas 18 anos com este nome, a família sempre foi de moleiros. “Para ser moleiro era preciso saber de carpintaria, de alvenaria, de meteorologia, de tudo. Era muito complexo, por isso o conhecimento passava de pai para filhos”, explica Paulo Horta.
O dito moinho ainda funciona mas nos tempos que correm é pouco mais que um espaço museológico, já que os cereais são tratados em maquinaria moderna, equipada com mós de pedra. “Juntamos o melhor de antigamente com a segurança de hoje em dia”, explica Paulo Horta. E por muito vento que haja, a produção atual chega a atingir as 20 toneladas de farinha por dia, logo seria arriscado confiar na meteorologia para ter as velas a rodar e a mó a trabalhar. Mas apesar do crescimento da empresa e da produção, Paulo afirma que continua a ter o espírito do moleiro de antigamente. E o que é isso? “Eu não tenho clientes, eu tenho amigos.”