Apesar da sua fama local, a banana não é um produto autóctone da Madeira. As bananeiras foram introduzidas na ilha durante o povoamento, algures entre o século XV e o século XVI. “Há quem diga que vieram da China, não se sabe bem”, conta Jorge Dias, presidente da GESBA.
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Apresentado por
Teresa Vivas, Mesa Cultura Gastronómica
Texto de Tiago Pais
Fotografias de Tiago Pais
Apesar da sua fama local, a banana não é um produto autóctone da Madeira. As bananeiras foram introduzidas na ilha durante o povoamento, algures entre o século XV e o século XVI. “Há quem diga que vieram da China, não se sabe bem”, conta Jorge Dias, presidente da GESBA. A sigla serve para identificar a Empresa de Gestão do Setor da Banana, uma empresa pública que detém a marca Banana da Madeira e trabalha diretamente com cerca de 3.000 produtores locais – de quem recebe e coloca no mercado 21.000 toneladas do fruto por ano. “80% da nossa produção é da qualidade extra, a mais cotada e mais bem paga”, explica o responsável.
É com Jorge que visitamos a propriedade de um desses produtores, a Quinta das Anoneiras. O nome até engana: não existem ali anonas. Já bananas não faltam, produzem cerca de 50 toneladas por ano, numa área de 1,5 hectares, sendo que a produção em modo biológico está em crescimento. Foi a avó de Francisco Serrão, atual responsável, que começou a exploração e hoje o neto dá-lhe continuidade, recorrendo às novas tecnologias — a rega, por exemplo, é controlada por um sistema wireless.
A banana, ao contrário da maioria dos outros frutos, não tem época de colheita, está em ciclo contínuo de produção. “Produzimos um terço nos meses frios e dois terços nos meses quentes”, contabiliza Jorge. A planta-mãe dá o primeiro cacho, corta-se, a filha cresce, dá o segundo e por aí adiante. E a fruta também não precisa de ser polinizada para crescer. “A bananeira é, na verdade, uma erva gigante, são folhas sem tronco”, explica. Os sacos de plástico que vemos à volta dos cachos servem para criar um microclima de forma a que estes cresçam mais rápido. “Mas estamos a tentar abandonar o plástico, a ver se encontramos soluções mais sustentáveis”, avisa o responsável.
Para Jorge Dias, a fama da banana da Madeira é fácil de explicar. O bom solo da ilha, com um pH ácido, proporciona um crescimento lento mas efetivo e ajuda no sabor. Depois, a proximidade do mercado, que faz com que cheguem muito frescas ao cliente. “Temos duas expedições semanais que vão daqui para o continente”, diz. Finalmente, a qualidade da água da ilha — cada bananeira exige 20 litros de água por dia – também tem a sua influência.