Estamos na Herdade dos Tomazes nos arredores do Alandroal. Pelos 8000 hectares de colinas a perder de vista passeiam-se cabras serpentinas, vacas de vária raças e até porcos montanheiros. Cada animal tem uma função específica: as vacas pastam e promovem o rejuvenescimento das ervas, os porcos focinham e revolvem a terra, as cabras limpam tudo.
Herdade dos Tomazes
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ELIPEC
Agrupamentos de Produtores de Carne do Alentejo
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7350-903 Elvas
Como chegar
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geral@elipec.pt
Apresentado por
Filipe Ramalho, Torre de Palma Wine Hotel
Texto de Tiago Pais
Fotografias de Tiago Pais
Estamos na Herdade dos Tomazes nos arredores do Alandroal. Pelos 8000 hectares de colinas a perder de vista passeiam-se cabras serpentinas, vacas de vária raças e até porcos montanheiros. Cada animal tem uma função específica: as vacas pastam e promovem o rejuvenescimento das ervas, os porcos focinham e revolvem a terra, as cabras limpam tudo.
Os caseiros Zé e Armanda conhecem-lhes as funções e as necessidades de ginjeira. Afinal, estão na herdade há 30 anos, tantos quanto os da filha. É Zé que guia os animais diariamente. Sabe de cor onde levá-los e o que devem comer e beber a cada dia. E basta-lhe olhar para eles para perceber o que é que precisam. A intuição não se explica, tem-se.
Enquanto Zé vai encaminhando as cabras em direção ao amplo estábulo, para que se protejam do calor, Armanda puxa-nos para uma espécie de jardim de infância caprino, a zona onde se concentram as crias. São amigáveis, vêm à vez comer à mão dos visitantes. A anfitriã olha para elas como uma tia babada para os sobrinhos. “São lindas, não são?” pergunta com a entoação de quem não precisa de ouvir a resposta.
A Herdade dos Tomazes é apenas um dos cerca de 100 produtores e explorações que fazem parte da ELIPEC - Agrupamento de Produtores de Carne do Alentejo. Este agrupamento é liderado por Isabel Bulhão desde 2008. Isabel não é o protótipo da fazendeira ou criadora de gado. Lisboeta, mudou-se para o Alentejo por razões familiares. Mas adaptou-se depressa — o discurso é firme e conhecedor. Por exemplo, defende a necessidade de aumentar a produção de bovino nacional. “Portugal consome 40% de carne de bovino nacional, 60% é importada. Devíamos aumentar a produção local mas na PAC [Política Agrícola Comum, definida pela União Europeia] querem tirar-nos tudo”, queixa-se.
Quando questionada sobre a sustentabilidade dessa produção, não demora a apontar para uma pequena manada visível ao longe. “Está a ver aqueles animais ali? Têm direito a um hectare cada um.” A filosofia da ELIPEC é precisamente essa: baixos encabeçamentos em regimes extensivos de produção biológica ou integrada, em que cada animal tem muito terreno só para si e se alimenta à base das pastagens e forragens locais. A carne destes animais é comercializada com as chancelas Elipec Bio ou Herança do Alentejo, conforme o modo de produção é biológico ou integrado.