A Herdade do Couto da Várzea, em Idanha-a-Nova, é o centro nevrálgico da recuperação de sementes das mais diversas variedades de hortícolas, ervas aromáticas e flores. Todo o procedimento é feito através da certificação em modo de produção biológico e em agricultura biodinâmica.
Herdade do Couro da Várzea, E.N. 354
6060-270 Ladoeiro, Idanha-a-Nova
Como chegar
+351 969 879 163
loja@sementesvivas.bio
www.sementesvivas.bio
Instagram /@sementes_vivas_portugal
Facebook /@sementesvivas
Apresentado por
João Rodrigues
Texto de Patrícia Serrado
Fotografias de Pedro Sadio
A alimentação saudável associada ao biológico e à biodinâmica é, para Stephan Doeblin, alemão, o princípio básico da humanidade, daí que o sonho seria deixar a sua pegada ecológica no planeta. Descobrir o local ideal para implementar esta missão é o passo seguinte concretizado com a ajuda de Paulo Martinho, natural de Penamacor, que se disponibiliza a apresentar Idanha-a-Nova, vila raiana do distrito de Castelo Branco, na região da Beira Baixa. O local eleito chama-se Herdade do Couto da Várzea, propriedade de 25 hectares que se torna a sede da Sementes Vivas, empresa criada, em 2015, tendo ambos como principais fundadores, bem como o holandês Micha Gronewegen.
Trabalhar e remeter a terra ao modo de produção biológico consiste no primeiro passo para avançar com as sementeiras, por forma a perceber quais as sementes que melhor se adaptavam às condições edafoclimáticas – relacionadas com o solo e o clima – do local. “No primeiro ano, seleccionamos as melhores plantas, as mais adaptadas ao meio, as mais resistes, as mais bonitas”, explica Tânia Pinto, responsável pelo departamento de vendas e marketing da Sementes Vivas.
Após a colheita das variedades de hortícolas, ervas aromáticas e flores, todas as suas espécies são submetidas a um processo faseado composto por extracção, limpeza, secagem e correcta conservação das sementes. A ordem dos trabalhos decorre nos edifícios existentes na propriedade reabilitados, também, com a finalidade de armazenar o equipamento. A matéria-prima (sementes) é submetida à multiplicação e o processo descrito pela nossa anfitriã é repetido anualmente. A taxa de germinação é igualmente registada, tendo em conta a sazonalidade de cada produto.
Com o tempo, a Sementes Vivas tem aumentado as parcerias com agricultores de Norte a Sul do país. Actualmente são 32. Recebem as sementes para as suas sementeiras. Findo o ciclo da planta ou do fruto, estes são recolhidos nas instalações da empresa, em Idanha-a-Nova, onde passam pelas fases acima descritas.
Graças a este conjunto de acções, “em 2016, conseguimos 56 variedades. Actualmente, temos 287”, revela Tânia Pinto que enfatiza a importância e o crescimento simultâneo da procura, seja por parte de produtores, seja de meros curiosos. Assim, “fomos percebendo o que o mercado mais gostava” e, com base nesta informação, a aposta é reforçada em sementes de diversas espécies, quer na Herdade do Couto da Várzea – onde os viveiros, os tunéis, entre outras infraestruturas terranas, servem de suporte ao oficio praticado na empresa –, quer com os demais agricultores. “Há cada vez mais pessoas a querer trabalhar connosco, por isso as parcerias não são só de cá, até porque há portugueses espalhados pelo mundo que encomendam as nossas sementes.”
Três anos após a fundação da Sementes Vivas, entram em acção as galinhas na Herdade do Couro da Várzea. O objectivo é disseminar pragas e, ao mesmo tempo, adubar a terra que, por sua vez, dá-lhes alimento e o alimento necessário à vida humana. “É uma espécie de ciclo fechado que impede, ao máximo, o uso de inputs externos”, conclui Tânia Pinto, enaltecendo a certificação ‘Demeter’ associada à agricultura biodinâmica.
Em paralelo, a Sementes Vivas tem trabalhado directamente com o INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária), no sentido de fornecer dados e estudos ligados ao melhoramento das culturas feitas através da recuperação de variedades, “para voltar a registar, produzir e multiplicar” as sementes biológicas e biodinâmicas em Portugal.
A diversidade permite, ainda, impulsionar o lado criativo da Sementes Vivas. Aos curiosos recomenda-se a pesquisa das duas linhas especiais disponíveis no site – ‘Benfica’, para amigos e simpatizantes deste clube de futebol, e ‘Heritage’, constituída por um kit e sementes tradicionais, e feita em homenagem ao património biológico do país. Na lista das novidades estão previstas a venda de um kit de iniciação da Sementes Vivas e vasos em madeira da Spawnfoam, empresa de Vila Real, os quais já contêm sementes devidamente identificadas e, segundo Tânia Pinto, “podem ser colocados directamente na terra previamente colocada noutro vaso”.
Os produtos estarão disponíveis na loja online do site da Sementes Vivas, através do qual todos podemos encomendar sementes para transformar a varanda ou o terraço numa mini-horta caseira. Ademais, as sementes estão disponíveis para venda em casas agrícolas, pontos turísticos e no retalho alimentar e de jardim.