Madeira
Atlântico. Floresta Laurissilva. Levada.
Há todo um imenso mar a perder de vista e, simultaneamente, a protagonizar a envolvente da Madeira, nome de arquipélago, de ilha, de região autónoma pertencente a Portugal. É uma das “Ilhas Afortunadas” do Atlântico Norte que representa uma quarta-parte da Macaronésia, termo implementado no século XIX, pelo geólogo e botânico britânico, Philip Baker Webb, para designar o quarteto formado também pelos arquipélagos dos Açores, das Canárias e de Cabo Verde.
Conhecida por “Pérola do Atlântico”, a Ilha da Madeira tem na sua Laurissilva, a floresta húmida subtropical indígena, a insígnia de Património Mundial Natural da Humanidade atribuída em 1999, pela UNESCO. Esta mancha verde encantada, ocupa uma área de cerca de 15 mil hectares no coração da ilha até ao lado Norte da mesma e mantém as suas espécies endémicas, graças ao clima ameno do arquipélago.
As mesmas condições climatéricas associadas aos solos de origem vulcânica, composição que justifica a predominância do basalto e a sua orografia montanhosa, propiciam o cultivo de produtos provenientes de outras paragens, trazidos ao longo da época dos Descobrimentos.
O exotismo está intrinsecamente ligado à diversidade de fruta existente na ilha, desde a banana da Madeira, cultivada, sobretudo, no Sul da ilha, entre os zero e os 200 metros de altitude, a bananeira beneficia das condições solar e hídrica desejáveis, à Anona da Madeira DOP é cultivada a 500 metros de altitude, no Sul, e até 280 metros, no Norte da ilha. Eis o momento para refeir a importância das levadas. Estes canais de irrigação, cujo início remonta ao século XVI, com o propósito de “levar” a água, abundante, nas vertentes orientadas a Norte em direcção às terras localizadas a Sul, avançam floresta Laurissilva adentro e convidam a caminhadas pela natureza.
A papaia, o tabaibo ou figo-da-Índia, o mango, a goiaba, a pitanga, o maracujá e o maracujá banana complementam a variedade de frutas da vasta lista complementada pelo pêro ou maçã, pela nêspera, a ameixa, a tangerina, a cereja, o limão ou a physalis.
Some-se a cana-de-açúcar, matéria-prima utilizada na produção de mel de cana e aguardente de cana, o inhame da Madeira – o branco é servido cozido, para acompanhar peixe ou frito, e o vermelho é tradicionalmente cozinhado na sopa de couve, feijão e carne de porco. Junte-se o cuscuz, tradição de Lameiros, no concelho de São Vicente, localizado na costa Norte da ilha, e a batata-doce, comummente cultivada em Santana, na parte Nordeste, bem como na Ponta do Sol, Calheta e Ribeira Brava, a Sudoeste. Sem deixar de parte o cozido no panelo servido em folha de couve, prato típico no Seixal, freguesia de Porto Moniz, confeccionado no último fim-de-semana de Janeiro, e pretexto maior para reunir a família à mesa. Destaque-se o peixe de mar – o sargo, a castanheta, o bodião, o peixe-espada, as lapas e as cracas, estas em Porto Santo.
Termine-se com o Bolo de Mel da Madeira, as Queijadas da Madeira, feitas a partir de requeijão de cabra e acompanhe com Vinho da Madeira, um generoso a degustar com merecido vagar, enquanto se aprecia o verde da paisagem desta verdadeira pérola do Atlântico.