Apicortes

Mel

Francisco Cortes produz mel há mais de 60 anos.

Rua António Mateus Alves n.º 39
7630-711 Bicos, Odemira
Como chegar
+351 283 623 123
apicortes@sapo.pt
www.apicortes.pt

Apresentado por
Ann e Jean-Paul Brigand, Lugar do Olhar Feliz


Texto de Patricia Serrado
Fotografias de Vânia Rodrigues

Francisco Cortes, apicultor e proprietário da APICORTES, localizada em Odemira, no distrito de Beja, no litoral alentejano, produz mel há mais de 60 anos. O legado, tornado negócio de família, já pertencia ao pai, António Cortes. Não é de estranhar, portanto, o que diz sobre este seu ofício: “Fiquei com isto no sangue.”
Ainda sobre esses tempos, o nosso anfitrião conta que o mel era vendido aos habitantes da região, sobretudo no Inverno, para fins medicinais. Ou seja, “quando os senhores estavam constipados”, conta. “Não utilizavam o mel como alimento.” O aumento da produção deste produto registou-se, segundo Francisco, na última década, quando ficou reconhecido pelas suas propriedades profilácticas.
Os afazeres começam no campo, com as colmeias. Finda a Primavera, ou seja, “quando acabam as flores e o mel está amadurecido dentro da colmeia, vamos lá e fazemos um grande assalto”, explica. Grande parte da reserva da matéria-prima produzida pelas abelhas é retirada. Ao contrário do que se possa imaginar, este trabalho exige a máxima cautela. “A partir daqui não podemos ficar a dormir! Porque se as condições climatéricas forem desfavoráveis, temos de voltar a dar-lhe mel que lhes tínhamos tirado. Temos de estar atentos, para que não morram à fome.” Até porque, de acordo com os cálculos, o consumo anual dentro de uma colmeia – cuja população ronda, geralmente, as 40 mil abelha – é de 150 quilos de mel e 48 quilos de pólen, daí o imperativo trabalho diário de campo. A duração deste insecto é de, apenas, seis semanas. Em contrapartida, “as rainhas vivem cinco, seis anos e só comem geleia real”, acrescenta.
Dentro do quadro das diligências, também é possível mudar as colmeias para outra zona do campo com floração. “Fazemos a transumância”, declara XXXX. Aqui, impõe-se a pergunta: Como é feito o mel de rosmaninho ou de urze? A explicação é simples: basta colocar as colmeias, no início da floração, na zona do campo onde predomina uma ou outra planta. “Onde há mais de 50 por cento dessas floras.” Depois de retirado, o mel é submetido a uma análise, para verificar a sua especificidade.
De volta ao “grande assalto”, os quadros com os favos de mel são retirados das colmeias e, posteriormente, transportado até à entrada do edifício da empresa. Já no interior, “estes quadros são centrifugados para retirar o mel”. O mel entra, em seguida, num depósito e é decantado, processo que permite a separação natural deste produto das impurezas. Por fim, é bombeado para umas vasilhas próprias e, a posteriori, embalado em frascos de vidro devidamente certificados e rotulados, no espaço confinado à expedição do produto.
Curiosidades? A cor do mel é determinada pela quantidade de própolis (substância resinosa reconhecida como um antibiótico natural) depositada, pelas abelhas, em cada favo, fazendo com que este escureça. O mel cremoso é feito a partir do pólen de uma planta com flores amarelas, a colza.
Faz sentido envelhecer o mel? “Não faz sentido, até porque pode perder algumas propriedades que tem”, aconselha Francisco.
O estado de conservação de cada quadro é, por sua vez, examinado ao pormenor. Se mantiver os parâmetros estipulados, é reutilizado. Caso contrário, é posto de parte, uma vez que, mediante a constante polinização do centro do mesmo alvéolo (favo), este reduz de tamanho. As próximas abelhas nascem mais pequenas e, consequentemente, a língua é também menor do que o habitual dificultando, assim, a extracção do néctar. Resultado: a quantidade de mel produzido diminui.
Já a cera de abelha é passada por água quente, para retirar as impurezas, e prensada.
Estas tarefas são efectuadas em espaço fechado, com a temperatura abaixo dos 18° C, para evitar alterações das propriedades do produto. As mais de 2.200 colmeias, instaladas no concelho de Santiago do Cacém e Odemira, resultam em cerca de 30 toneladas anuais de produção de mel.