Carlos Serras

Estamos em Mouriscas, uma pequena freguesia ribatejana do concelho de Abrantes. Aqui, a tradição de pesca no rio é antiga — afinal, o Tejo corre já ali a poucos quilómetros de distância. Não admira, por isso, que um dos maiores pescadores de água doce desta região tenha aqui o seu quartel-general. Carlos Serras pescou a vida toda. E continua a fazê-lo com frequência, mesmo que hoje o seu negócio não dependa apenas de si. Tem várias embarcações a trabalhar em seu nome e quando é preciso também se vai abastecer a outras águas. “Se não arranjamos peixe aqui temos que ir buscá-lo onde ele existe”, justifica. Nos tanques onde vai depurando algum do marisco apanhado mostra-nos vários exemplares de lagostim do rio, um tipo de produto a que só agora se começa a dar algum valor em Portugal. Noutro tem lampreias, que andavam escassas em território português nesta altura, por causa da meteorologia. Já na arca guardava outro tipo de espécies: bogas, barbos, fataças e outros que tais. Resumindo: se nada no rio, Serras arranja. E por isso é que é tão requisitado.