Na Madeira, explica Luís Faria, produzem-se anualmente cerca de 10 mil toneladas de cana de açúcar.
Rua do Cais, nº6
9225 Porto da Cruz
Como chegar
+351 291 563 346 / +351 964 512 061 (Luís Faria)
www.engenhosdonorte.com
jfariafilhos@sapo.pt
Apresentado por
Teresa Vivas
Texto de Tiago Pais
Fotografias de Tiago Pais
Chegamos às instalações dos Engenhos do Norte, no Porto da Cruz, na melhor altura possível: o início da campanha anual de processamento da cana de açúcar, que decorre entre os meses de março e maio — no resto do ano as portas mantêm-se abertas para saciar a curiosidade dos visitantes mas não se passa ali grande coisa. Nesta altura, porém, é grande o rebuliço.
Luís Faria, um dos responsáveis por esta empresa familiar (J.Faria e Filhos), explica-nos todo o percurso da matéria-prima, desde que chega às instalações no compartimento de carga dos camiões até entrar nas máquinas que retiram todo o seu sumo. “Três são a vapor, duas são elétricas. Somos o único engenho da Europa que ainda trabalha com máquinas a vapor”, garante o anfitrião.
O nome “Engenhos”, no plural, deve-se ao facto de este engenho ter resultado da reunião dos vários que existiam no Porto da Cruz em 1927, data da sua fundação. Nessa altura havia em toda a ilha meia centena de instalações do género. Hoje são apenas seis. O edifício é marcado por uma enorme chaminé em tijolo vermelho, com quase 30 metros de altura, que não o deixa passar despercebido.
Na Madeira, explica Luís Faria, produzem-se anualmente cerca de 10 mil toneladas de cana de açúcar. Os Engenhos do Norte compram a matéria-prima a agricultores da Ponta do Sol, da Calheta, de São Jorge e de Santana. Todo o produto é processado e engarrafado pela empresa: não vendem nem a cana nem o caldo de cana, tão apreciado no Brasil, por exemplo.
Assim, a cana é descarregada, entra nos tapetes que a conduz às máquinas, e é espremida. O caldo que dela sai é filtrado, o grau brix corrigido e é bombeado para os depósitos do piso superior onde fermentam antes da posterior destilação e armazenamento para envelhecimento.
Resumidamente, é este o processo, sendo que o desperdício — o chamado bagaço da cana — tem atualmente propósitos agrícolas (fertilização e alimentação) mas, no futuro, poderá ser o combustível de uma caldeira de biomassa capaz de produzir energia suficiente para alimentar todas as máquinas dos Engenhos do Norte.
O resultado final de tudo isto pode ser apreciado na loja, imediatamente ao lado da fábrica, onde estão expostas as diversas marcas de rum agrícola da J.Faria e Filhos, com períodos de envelhecimento que também variam entre si. Tal como os preços.