Herdade do Portocarro

Arroz

“Quanto cheguei [à Herdade do Portocarro] era tudo muito antigo”. Agricultor a tempo inteiro e artesão por opção, José Mota Capitão produz arroz há 31 anos, em 70 hectares de terra. Foi pioneiro nas boas práticas da preservação dos solos e, em 2015, passou a dedicar-se ao carolino, a bem do compêndio culinário português. 

Herdade do Portocarro
São Romão do Sado
7595-033 Torrão, Alcácer do Sal
Como chegar
+351 934 060 790

jmotacapitao@portocarro.com
tmotacapitao@portocarro.com
www.portocarro.com

F
acebook/ @herdadedoportocarro
Instagram/ @herdadedoportocarro

Apresentado por
João Rodrigues, Feitoria


Texto de Patrícia Serrado

Natural de Lisboa, José Mota Capitão estudou agronomia no Instituto Superior Agrário, em Lisboa. Na passagem para os 23 anos, já na posse do canudo de Engenheiro Agronómo, foi trabalhar para uma empresa multinacional. Volvidos cinco anos, no início da década de 1990, teve a oportunidade de comprar a Herdade do Portocarro, em São Romão do Sado, no concelho de Alcácer do Sal, propriedade de 140 hectares, onde a produção de arroz e de vinho faziam parte da safra. 

Os primeiros passos foram dados na produção arrozeira, cingida a 70 hectares, mas a preocupação com o impacto ambiental determinou, em 2001, a mudança de estratégia no cultivo deste produto. “Fui pioneiro no semeio do arroz em seco, sem canteiros alagados”, no sentido de minimizar os recursos hídricos. O segundo ponto tem a ver com a sementeira directa, “prática cultural, em que semeamos o arroz sobre a palha da cultura anterior”, que se transforma em matéria orgânica para a sementeira seguinte. 

No alinhamento do respeito pela natureza, a produção integrada é ponto assente na Herdade do Portocarro no que ao arroz diz respeito. “O impacto é o menor possível, para proteger a fauna e a flora, e a nossa saúde alimentar”, acrescenta o José Mota Capitão, no âmbito das regras impostas na Europa face a esta matéria ligada ao respeito pelo ecossistema e pelo consumidor, mas também no que toca à origem do arroz.

A produção de arroz carolino e agulha, cada um com características e sabores diferentes, avançou. “O arroz carolino é o que sempre se consumiu em Portugal, mas dá muito trabalho a fazer. Por isso, depois de um dia de trabalho, as mulheres preferem optar pelo agulha, que é mais rápido a cozinhar, mas só dá para fazer arrozes secos.” Esta realidade foi decisiva na mudança de planos de José Mota Capitão a respeito do tipo de arroz a continuar no seu portefólio. 

Em 2015, deixou o arroz agulha, “que não representa qualquer interesse gastronómico”, em benefício do carolino, o eleito para os arrozes caldosos. São três as variedades, sobre as quais José Mota Capitão faz questão de referir as finalidades adequadas: “o bomba, próprio para a paella; o ronaldo, para fazer risotto, arroz branco e arroz doce; e centauro, para fazer sushi, peixes e mariscos”. 

Na Herdade do Portocarro, a sementeira do arroz é feita no início de Maio, com o auxílio de um tractos e semeador, e a colheita realiza-se em Outubro, com a ceifeira-demolhadora. Depois de colhidos, os grãos apresentam cerca de 20 por cento de humidade, razão pela qual são colocados num secador próprio, que, através do ar quente, reduz a humidade até aos 14 por cento. “Assim fica estável. Depois, é guardado no armazém, onde fica entre dois a três meses, protegido pela casca.” Findo este período de tempo, “vai para a máquina, que lhe tira a casca e dá um suave branqueamento”, conta José Monta Capitão, referindo-se a um pequeno prestador de serviço da região. “É empacotado e volta à proveniência.”

Além do arroz, José Mota Capitão é muito conhecido pelos seus vinhos. “Produzo cem mil garrafas por ano e tenho 20 hectares de vinha”. Nas castas tintas, concentra maior atenção na Touriga Franca, na Touriga Nacional e na estrangeira Sangiovese, enquanto a Galego Dourado, a Serceal e a Arinto constam na lista das variedades de uva branca. 

Recentemente, tornou-se produtor de trigo barbela. Tenho 12 hectares, mas quero, agora passar para os 25.” A moagem é feita na Farinhas Paulino Horta, em Alenquer, em máquinas equipadas com mós de pedra, para não comprometer os atributos nutricionais desta matéria-prima muito em voga na feitura de pão. “Acredito que devemos pensar no consumidor e na qualidade dos produtos, em prol da saúde das pessoas.”

De volta ao arroz, disponível através da marca Loverice, é vendido na Herdade do Portocarro, bem como através da Qual House, empresa de distribuição, “que vende produtos de alta qualidade para o canal Horeca” e dos seus distribuidores de vinhos.