Deve ser moído em mó de pedra para conservar as propriedades e o pão que dele resulta, garante é único. E até é melhor no dia seguinte a ser cozido, quando “liberta os aromas”.
Cadaval
Como chegar
+351 912 262 841
Apresentado por
Miguel Neiva Correia (Hortelão do Oeste)
Texto de Tiago Pais
Fotografias de Tiago Pais
João Vieira, 78 anos de juventude, é uma enciclopédia viva, apaixonante, sobre agricultura em geral e trigo barbela em particular. Todas as semanas faz o seu próprio pão a partir desta espécie de trigo rica em óleos e nutrientes que quase desapareceu das searas nacionais - daí chamarem-lhe ‘trigo morto-vivo’. Já os avós o plantavam naquelas terras arenosas, difíceis para a maioria das variedades do cereal. “Este era o único que se dava por aqui”, explica. Foi um dos grandes impulsionadores da sua recuperação, em conjunto com o amigo Adolfo Henriques, da Granja dos Moinhos, na Maçussa. E não se escusa a enumerar as suas virtudes: tem 40 vezes menos glúten que os trigos modernos, é rico em óleos e selénio, dispensa o uso de herbicidas e, avança, “é dos poucos que vai resistir às alterações climáticas.” Deve ser moído em mó de pedra para conservar as propriedades e o pão que dele resulta, garante é único. E até é melhor no dia seguinte a ser cozido, quando “liberta os aromas”. Para diabéticos como ele, então, nem se fala: “Antes tinha de comer de duas em duas horas senão começavam-me a fraquejar as pernas. Mas se comer um pedaço deste pão de manhã, posso andar para aqui nas terras para cima e para baixo, e aguento-me sem problemas até ao almoço.”