Assim que começamos a visita aos terrenos da Quinta da Fortaleza, uma propriedade com quase 5 hectares que herdou do pai, João Santana Marques deixa-nos um aviso: “Não tenho formação de agricultor, sou engenheiro.”
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Apresentado por
Texto de Tiago Pais
Fotografias de Tiago Pais
Assim que começamos a visita aos terrenos da Quinta da Fortaleza, uma propriedade com quase 5 hectares que herdou do pai, João Santana Marques deixa-nos um aviso: “Não tenho formação de agricultor, sou engenheiro.” Em condições normais, o aviso não seria necessário, até porque no local há uma casa antiga em recuperação, que se irá tornar em breve alojamento turístico. Só que estamos ali para ver a plantação que faz deste não-agricultor o homem com os melhores espargos nesta zona do Alentejo. Em que é que ficamos?
João esclarece. O plano inicial era que, uma vez na posse do terreno, os filhos se tornassem jovens agricultores. Não aconteceu. “Eles continuam a ser só jovens, o agricultor tornei-me eu”, brinca. Vai daí, escolheu plantar espargos num hectare de terreno depois de, como bom engenheiro, “fazer umas continhas” da relação custo-produtividade.
Não havia ainda em Portugal quem se tivesse dedicado a esta espécie “DePaoli”, criada numa universidade californiana, e que tem como característica, além da excelente qualidade, da adaptação ao solo e da resistência a pragas, o facto de ser produtiva mais cedo que as outras. “Enquanto os produtores no Norte têm de abril a junho, a época aqui vai de janeiro a abril. É o truque.”
Produz cerca de três toneladas ao ano que vende quase exclusivamente para restauração e pequeno comércio. Em 2020, vendeu menos por causa da pandemia de Covid-19. Mas João não parece muito preocupado: nisto dos espargos basta cortar que volta a nascer, e é assim durante 12 anos, a vida média de cada planta. Esta vida de agricultor, afinal, não é assim tão dura.