Quinta Do Poial

Durante a infância, Joana Macedo sentia que a Quinta do Poial era uma espécie de “irmão favorito” da mãe, Maria José Macedo. Tinha, por isso, “uma relação meio conflituosa” com a quinta. Maria José largara uma carreira empresarial em Paris, nos anos 80, para se tornar agricultora em Azeitão, numa altura em que biológico era apenas expressão de livros de Ciências da Natureza. Comprou hectare e meio de terreno e criou tudo de raiz, plantando coisas que a maioria dos portugueses nunca tinha ouvido falar. Os chefs de cozinha descobriram-na, os clientes do Mercado Biológico do Príncipe Real adoptaram-na. Quando faleceu, em 2016, Joana pegou no negócio. Não pensou duas vezes, foi por impulso: “Tinha de ser feito”, justifica. Quem hoje a vê entre variedades de tomate — são mais de 50 —, a tratar do gengibre-manga que trouxe da Ilha da Reunião ou a cuidar das flores de coentro não desconfiará que até há meia dúzia de anos “só tinha feito umas entregas, nada mais que isso.” Longe vão esses tempos: hoje Joana divide-se entre Azeitão, os terrenos de Castelo Branco, um hostel em Braga e a carreira de actriz, onde é conhecida pelo apelido francês, Sarrazy. E é para continuar assim. “Não quero deixar a minha vida nesta quinta”, diz.