Quinta do Seminário

Arroz

“Nós não fazemos arroz nem melhor, nem pior do que ninguém. Toda a gente faz arroz de maneira igual, nós conseguimos é seleccionar o arroz de maneira diferente.”

Quinta do Seminário
Vinha da Rainha 3130-435 Soure
Como chegar

+351 918 217 051 (Telmo Martins)


Facebook / @arrozquintadoseminário

Instagram / @quintaseminario


Texto de Cláudia Lima Carvalho
Fotografias de Joana Freitas

“Nós não fazemos arroz nem melhor, nem pior do que ninguém. Toda a gente faz arroz de maneira igual, nós conseguimos é seleccionar o arroz de maneira diferente.” Telmo Martins é perentório e não há prémios ou reconhecimento que o façam tirar os pés do chão. O negócio começou com o pai, em 1982, quando comprou as primeiras terras no Baixo Mondego. Telmo juntou-se em 2005, ano em que adquiriram a Quinta do Seminário, em Soure.

“Eu gostava disto. Gostava dos tratores, gostava do arroz. Em 2005 eu tinha 19 anos e disse ao meu pai: vamos comprar a quinta e eu fico a ajudar-te. Nós estávamos com uma exploração de 90 hectares e aí passámos a ter quase o dobro”, lembra, com a mesma vontade com que arregaçou as mangas na altura.

Na Quinta do Seminário, havia então “uma pequena unidade que fazia cerca de 100kg por hora de arroz branqueado”. Começaram a oferecer a produção à família e aos amigos. “No Natal, em vez de caixas de bombons, o que se oferecia eram sacos de arroz”, ri-se Telmo. “Começámos a ouvir que o arroz era bom e a pedirem-nos mais. Depois era um saco para a prima, um saco para este, um saco para aquele. E a coisa começou por aí.”

O passa-a-palavra não demorou a surtir efeito e a chegada a alguns pontos de venda e restaurantes da região foi o passo natural, sem nunca perder a mão ao crescimento. “O meu pai sempre disse que é preferível vender pouco e bem do que muito e fraco”, afirma.

Mas, afinal, o que distingue o arroz da Quinta do Seminário? “Existem mais de 150 variedades dentro do arroz carolino e diferentes variedades exigem diferentes cozeduras. O que acontece é que quando o arroz vai para uma indústria, vai todo misturado”, explica. “Hoje pode apanhar duas variedades e ter 12 minutos de cozedura; no mês seguinte pode apanhar um que leve quatro variedades e coza em 11.”

Na Quinta do Seminário trabalham apenas com a variedade Ariete, uma das mais antigas do carolino e já rara nas zonas de produção, aponta Telmo. “Nós fazemos uma única variedade no pacote. Todos os bagos ficam iguais porque é o mesmo tempo de cozedura. É simplesmente isso.” Ou talvez não seja assim tão simples: afinal, a variedade é também semeada, colhida e seca ao mesmo tempo, e armazenada em silos ventilados.

E, depois, o clima do Baixo Mondego ajuda. “É mais ameno. Quando o arroz aqui matura, é mais lento. Tem outro sabor, outra qualidade”, assegura o produtor. No processo de descasque e branqueamento, a percentagem de “trinca” – os grãos partidos – é menor. “Com menos partidos, temos menos fissurados e mais qualidade.” O resultado é um arroz uniforme, caldoso e consistente, que absorve melhor a água e mantém a textura ideal na cozedura.

Mesmo controlando e confiando em todos os passos do processo, Telmo ainda se surpreendeu quando o seu arroz venceu, em 2023, uma prova cega no concurso do Tomate Coração de Boi. “Eu nem sabia de nada, estava de férias e o telefone não parava de tocar”, recorda. O reconhecimento deixou-o orgulhoso, mas não lhe mudou o tom. Continua a fazer o que sempre fez: cultivar devagar, escolher com rigor e nunca facilitar.

Além das instalações da marca, em Vila Nova de Anços, o arroz carolino Quinta do Seminário pode ser comprado em várias mercearias e lojas especializadas do país, como a Mercearia Criativa em Lisboa, ou o Pátio d'as Marias, no Porto. Também é possível comprar na feira quinzenal de Montemor-o-Velho ou na feira semanal de Louriçal.