Quinta Pedagógica dos Prazeres

Ervas Farinha Fruta Sidra Vinagre de sidra

O padre Rui Sousa estudou na Universidade Católica com o mais famoso dos clérigos madeirenses, o atual cardeal José Tolentino de Mendonça. Mas quando voltou à ilha, trazia ideias tão progressistas que foi desterrado para uma pequena freguesia, a dos Prazeres, perto da Calheta e longe dos principais centros urbanos — e de decisão — da ilha. 

Rua da Igreja, nº3
Prazeres, Calheta, Madeira
Como chegar
+351 291 822 204
+351 962 714 737 (Padre Rui Sousa)
www.prazeresdaquinta.pt

Apresentado por
Teresa Vivas, Mesa Cultura Gastronómica


Texto de Tiago Pais
Fotografias de Tiago Pais

O padre Rui Sousa estudou na Universidade Católica com o mais famoso dos clérigos madeirenses, o atual cardeal José Tolentino de Mendonça. Mas quando voltou à ilha, trazia ideias tão progressistas que foi desterrado para uma pequena freguesia, a dos Prazeres, perto da Calheta e longe dos principais centros urbanos — e de decisão — da ilha. 

Não se deixou abater. “Imagine como era isto há trinta anos para uma pessoa vinda de Lisboa. Tinha de arranjar formas de me entreter”, conta. Começou, então, um longo trabalho de revitalização daquela pequena freguesia: estabeleceu relações com os produtores locais, focou-se nas variedades autóctones de maçã, que não tinham valor comercial, e começou a experimentar produzir sidras, uma tradição antiga na ilha. Por influência britânica mas não só. "Sempre tivemos boas maçãs e pêros na Madeira", explica o padre.

Rui Sousa não parou aí. Juntou às sidras vinagres das ditas, além de uma série de compotas e infusões e em 2000, fundou uma Quinta Pedagógica que começou a atrair visitantes de outras paragens. Além de um pequeno jardim zoológico, o espaço inclui um jardim botânico, árvores de fruto e um núcleo museológico. E é à entrada da Quinta que encontramos o pequeno café e a loja onde estão hoje expostos todos os prémios que os produtos ali criados já ganharam. Uma parede pintada a diplomas, onde já não sobra muito mais espaço para novas distinções. "Até já em Inglaterra ganhámos prémios", aponta o pároco. Ótimo sinal.

Não são, no entanto, os prémios que o movem. “A minha alegria é salvar árvores que já quase não existem”, confessa. Para tal, paga mais aos produtores locais pelas maçãs e peros autóctones do que pelas outras espécies, mais comuns. A intenção é estimular a produção dessas variedades para assim conseguir criar sidras ainda mais especiais. Condições não lhe faltam: a produção deste ano já foi feita na nova sidraria, um investimento importante do Governo Regional para estimular a produção local desta fruta na Zona Oeste da ilha.