Requejema

João Ferreira ainda é do tempo em que o requeijão era um aproveitamento comum que muitas famílias faziam das sobras do leite, que, nessa época, se comprava diretamente aos produtores ou às leiteiras. “Como muitas vezes faltava, não se desperdiçava nada”, diz.

Hoje, os hábitos familiares são outros mas João pegou nessa tradição para, em 2004, criar a Requejema, uma pequena unidade de produção que funciona num anexo da sua casa, na zona da Gaula, Costa Leste da Madeira.

Ali, recorrendo a leite de explorações locais, João produz o seu requeijão artesanal, que descreve, logo à partida, como sendo “muito diferente” dos que se encontram no continente. Provando, comprova-se a diferença. Tem um sabor bastante mais suave. “Nós chamamos-lhe requeijão mas isto tecnicamente é um queijo, tem a proteína de um queijo, não fazemos separação.”

O método é simples: o leite é bombeado para dentro dos tanques, descansa, é fervido a 90 graus e depois de cozido é logo enformado e vai para o abatedor. Uma hora e meia depois de retirar das marmitas, mesmo quente, já pode ser comido. 

E comem-no: a Requejema tem clientes que vão buscar o produto nessa altura, ainda a fumegar. “Sim, há pessoas que gostam do nosso requeijão assim, acabado de fazer”, confirma o responsável. Mas para o saborear na sua plenitude convém deixar que arrefeça.

Enquanto se espera, o estômago pode ser entretido com as queijadas de requeijão da marca – que também fazem com junção de alguns sabores distintos, casos da Nutella ou do maracujá. A receita é familiar e leva de base 70% de requeijão, açúcar e farinha. “Mas muito pouca”, explica João, que apesar de já produzir uma quantidade bem razoável destes pequenos bolinhos continua focado no seu ex-libris. “O nosso negócio é requeijão. As queijadas são só uma brincadeira.”