Ribeiro Seco

Se quando foi fundada, em 1883, a fábrica Ribeiro Sêco produzia sobretudo aguardente, hoje é a única em toda a ilha a dedicar-se exclusivamente ao mel de cana. Uma opção que vem dos anos 30 do século passado – devido a restrições impostas na época à produção de aguardente de cana – e que se mantém até hoje, tal como o cariz familiar da empresa, gerida atualmente por João Carlos Melim e pelo cunhado Luís Camacho, mas onde a geração seguinte já vai, também, dando o seu contributo.

Durante onze meses do ano reina uma absoluta tranquilidade nesta fábrica funchalense, onde trabalham em permanência apenas oito pessoas. É entre meados de abril e maio – “quando a cana de açúcar atinge o grau brix ideal”, refere Luís Camacho – que o rebuliço toma conta das instalações, com a chegada e processamento da matéria-prima. “Nesse período, não paramos, a fábrica labora 24 horas por dia.” 

A cada campanha são usadas cerca de 120 toneladas de cana de açúcar, uma parte dela produzida de modo biológico, para o mel com a respectiva certificação que, explica Luís, “é mais rico em minerais, como o cobre e o ferro”. Tanto o mel tradicional como o biológico não levam quaisquer aditivos, corantes ou conservantes. “Só o modo de produção da cana é que muda”, garante o responsável.

O processo do fabrico do mel de cana ainda segue o método que o pai de João Carlos, Vasco Melim, via fazer quando ali trabalhou na década de 40: a cana é espremida, o suco é peneirado e segue para um primeiro depósito puxado por uma bomba, antes de ser cozido e filtrado várias vezes, ficando cada vez mais concentrado, até obter a viscosidade final na caldeira de vácuo, que lhe retira a restante água.

O grosso da produção – 80% – fica na Madeira, onde é muito apreciado o sabor característico deste produto, bem distinto do do mel floral, por exemplo. A doçaria local também lhe dá protagonismo em algumas receitas, caso dos típicos bolos de mel ou das broas, que a Fábrica Ribeiro Sêco comercializa na respetiva loja.